quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

CANADÁ: Desvendando o Skilled Worker Class

CANADÁ: DESVENDANDO O SKILLED WORKER CLASS
(Por Fred Guerra, direto do Canadá)

Medo da violência, baixo salário, vontade de mudar... Vários são os motivos que podem levar ao desejo de morar em outro país, mas poucas são as opções de se conquistar um espaço à altura fora do Brasil. Pergunta: o Skilled Worker Class, programa do Governo Canadense que tem chamado muito a atenção dos brasileiros, é mesmo interessante? Para quem?

O Programa
Skilled Worker Class, ou Programa do Trabalhador Qualificado, é uma maneira que o Governo do Canadá encontrou de povoar o país sem abrir as portas a aventureiros. Estrangeiros que se mostrem capazes de produzir e com intenção de “jogar a âncora” e criar uma família em terras canadenses são bem-vindos.

Para iniciar o processo é necessário atender a alguns requisitos básicos que são avaliados em um formulário em que o candidato deve atingir uma pontuação mínima de 67 pontos em 100 possíveis. Os pontos são dados considerando a formação acadêmica, o domínio dos idiomas, o potencial de empregabilidade, formação do cônjuge e outros itens. Este formulário está disponível no site www.wizardworld.com.br sob o título “Você pode trabalhar no Canadá?”.

Um dado pouco difundido e às vezes decisivo é que há, na verdade, dois programas, um nacional e um específico da província de Quebec, região de língua francesa. Dessa maneira, dependendo do idioma que o candidato domine, um pode se mostrar mais atraente que o outro.

O Processo
Os gaúchos Diego Costa e Adriane Jungues já namoravam há alguns anos. Certo dia, conversando sobre as “insatisfações cotidianas”, decidiram morar fora do país. A internet apontou Canadá e Austrália como os possíveis destinos e o Canadá saiu vencedor, pois consideraram que o caminho seria mais simples. “E algumas regras mudaram, o que simplificou ainda mais o processo de imigração”, aponta Diego. Optaram pelo Skilled Worker Class nacional.

Contrataram um escritório, juntaram a documentação e a partir daí um percurso que levou quase dois anos. “Acho que o tempo normal seria entre 15 e 18 meses. Nós é que tivemos um momento com dificuldades em levantar parte da documentação e atrasamos”, explica Adriane.

O casal optou por requerer a residência dele, com ela como dependente. Isso porque assim ganhariam os pontos, além da formação escolar dos dois, pelos anos que Diego estudou inglês. “Os pontos por dominar inglês ou francês são determinantes, e mostram que você tem condição de assumir um trabalho na sua área”, alerta Diego.

A espera foi recompensada com o visto de residência nos passaportes do jovem casal. Malas prontas e “vupt”, chegada em Ottawa, a capital, há pouco mais de três meses.

Os primeiros 90 dias
Diego é "software developer" (programação e desenvolvimento de sistemas) e Adriane arquiteta. Em um mês Adriane já estava empregada. “Foi uma surpresa. Eu ainda ia começar a enviar currículos via internet, mas antes disso meu atual chefe estava procurando sites de arquitetos no Google e achou o meu (www.aj-architecture.com). Quando vi, estava trabalhando. Minha função aqui é voltada a desenho de interiores, não exatamente a área da arquitetura que eu trabalhava, mas é um ótimo começo”, comemora Adriane.

Ela lembra que, antes da entrevista de emprego, teve até aula de comportamento nessas situações oferecida pela Prefeitura de Ottawa. “Eles ensinam tudo. Logo que chegamos tivemos treinamentos gratuitos para facilitar a transição, é uma superconsultoria até estarmos totalmente instalados. Vale a pena participar”, aconselha a arquiteta.

No início Diego continuou trabalhando para o seu chefe brasileiro. “desenvolvimento de sistemas pode ser feito à distância. Foi bom chegar sem deixar de gerar renda. Mas o trabalho aqui apareceu logo também”, diz Diego.

E não demorou mesmo. Apesar de não ter tanta pressa por continuar com seu trabalho no Brasil, o programador levou menos de três meses para estar empregado em sua área. Sendo assim, tudo aponta para que eles possam, após três anos de residência, dar entrada no passaporte canadense. “Vamos ver o que acontece até lá, ver como é encarar um clima tão rigoroso por tanto tempo, como nos saímos na vida a dois, como administramos a distância da família. Por enquanto estamos indo bem”, é discurso partilhado por ambos.

A verdade é que eles estão mesmo indo bem: empregos fixos em suas áreas, apartamento bem localizado, bonito e bem decorado, inclusive com uma enorme TV de LCD de 42 polegadas na sala, já fruto dos bem-vindos dólares canadenses, e um rol de amizades que começam a ser construídas. “As pessoas são atenciosas e acolhedoras. Na sexta à noite há um grupo, o FALE, que se reúne em um restaurante para descontrair e receber os recém-chegados. Daqui a pouco seremos nós oferecendo ajuda e conselho”, prevê Diego.

Quem leva vantagem?
Além da documentação básica, histórico médico satisfatório, ficha criminal limpa e outros itens óbvios, informalmente se comentam alguns “extras” que são pontos positivos. Antônio Marinho, cearense que faz Mestrado em Filosofia na Universidade de Ottawa sabe bem disso. “Jovens casais têm grande vantagem, eles querem gente para aumentar a população. Os idiomas também, afinal é um país bilíngüe que valoriza esse tipo de conhecimento. E eu diria que os desportistas são vistos de maneira especial, talvez seja um dos elementos mais favoráveis e decisivos”, esclarece um Marinho enfático e seguro.

Custo
Desde a idéia inicial, passando pelas traduções, cópias, passaportes, vistos, passagens, dinheiro para os primeiros meses e demais despesas, é consenso que o casal deverá estar preparado para desembolsar algo próximo de 20 mil reais. Este foi também o valor investido por Junior e Daniela, um outro casal brasileiro aceito em Quebec. Para saber com precisão eles planificaram todo o cronograma de ações e despesas do início até a instalação em seu apartamento em um dos mais belos cartões postais do Canadá, a Quebec Velha, uma espécie de “Ouro Preto canadense”. Mas isso é uma outra história...

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